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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

12.09.25

Faíscas de conhecimentos ...


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A caminho, ao encontro dos leitores, os astros que gravitam ao redor da biblioteca ambulante. Da cor do sol, um corpo celeste cheio de histórias, de calor. Brilhando nas aldeias da minha terra, aquecendo os velhos na sua passagem, a dourar a mente dos aldeões. Aqueles que se expõem aos raios deste sol, que nasce e morre nas mãos dos leitores. Sentimentos à flor da pele, bronzeada por raios de palavras, qual praia, melhor do que esta, de barriga para o ar, com um livro aberto, (...)
26.08.25

Frutas naturais ...


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Na beira da estrada, os jovens marmelos expõem-se sem vergonha, atirando-se para cima da biblioteca ambulante, à sua passagem na aldeia da Concavada. Comportam-se como as crianças, inquietos, não fossem os ramos dos marmeleiros, que os prendem, caíam na estrada. Sujeitos a esborracharem-se debaixo dos pneus dos automóveis, um fim precoce para estes frutos, a iniciarem um período de amadurecimento. Serem colhidos, e transformarem-se em sabores agradáveis, a marmelada , a geleia, (...)
30.06.25

O cheiro do peixe a ser ...


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Terminaram as diferenças na temperatura nas aldeias da minha terra, de manhã, de tarde, de noite, o calor mantém-se agressivo. Aguardo leitores na aldeia do Tubaral, estiveram outros, noutra aldeia, ao início das viagens e andanças desta semana. Irão ser dias extenuantes, no ar paira um odor a sardinhas grelhadas, o som de um gato a miar também é audível. Os sentidos do viajante das viagens e andanças estão alertados para o que aí vem no resto do dia. Saborear umas sardinhas (...)
29.05.25

O cão não encontrou nenhum ...


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A coragem do cão é enorme atravessando o largo a castigar as almofadas das suas patas, debaixo dos 43º Celcius. Não sei de onde veio, onde vai, se fosse atrás dele, talvez encontrasse um lugar fresco. Os leitores acercavam-se do largo, estafados, pela severidade da canícula, apercebendo-se do vazamento das histórias. Desapontados, olhando na cara uns dos outros, rostos vermelhos, furiosos, ansiosos. Tentando perceber a razão da ausência da biblioteca ambulante no largo da (...)
12.05.25

A morte da primavera está para breve...


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A estrada rompe o tempo pelas aldeias adentro, são várias as mulheres defronte das casas, segurando sacos de pano, ou plástico. Esperam pela carrinha do padeiro, mexericam, agarram o sol, antes que fique tapado pelas nuvens. Os telhados das casas do largo, brilham debaixo dos raios do sol, na aldeia do Tubaral. Os cães ladram às nuvens, estas não se amedrontam com os latidos. Não se vê ninguém, há esperança, a vinda de uma leitora pode ser verdade. A laranjeira continua cheia (...)
21.04.25

No entanto há aldeias com ...


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O dia está atordoado, morreu o Papa Francisco, uns dias depois de outro latino-americano, o escritor Mário Vargas Llosa. Influentes num mundo em constante mudança, com impacto na sociedade colectiva. A religião e a literatura, um conjunto de princípios, a linguagem escrita como meio de expressão, unidas no bem e no mal. Ambas coabitam no mesmo espaço na biblioteca ambulante, a catedral, dos lugares, onde não é complicado viver. Venha quem vier tem acesso a histórias, trazer a (...)
01.04.25

O largo não tem o casaco ...


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O lugar habitual, onde as histórias se demoram na aldeia do Tubaral, aguardava pela chegada da biblioteca ambulante. Amável, alguém, pôs um pequeno banco a marcar o espaço, agradeci em voz elevada, para que todos ouvissem o meu reconhecimento. O largo está abotoado, as mesas de apoio da roupa exposta, a carrinha, das plantas dispostas para esconder as raízes debaixo da terra. A padeira sem interromper o ritmo do motor do veículo, não se demora, arranca logo após aviar as (...)
13.03.25

Em Alvega chove ...


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A estrada surpreendeu-me ao aproximar-me a levar a biblioteca ambulante à aldeia do Tubaral. O pavimento foi revestido ao longo da inclinada subida, indo para dentro da rua principal, adornando o largo da aldeia. O sítio onde a biblioteca ambulante permanece está reabilitado, apetece estar, encontrar-me com leitores junto da fonte. Branqueada para não desfazer a colocação  do tapete novo no largo, chamar os aldeões a beberem das palavras do lugar onde brotam histórias (...)
22.11.24

Se as mulheres fossem como a ...


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O tempo anda apressado, talvez seja o presente a  perder robustez, apesar da continua passagem dos dias, nas viagens e andanças. A aldeia do Tubaral é uma daquelas que deixou de ter tempo para os leitores se aproximarem da biblioteca ambulante. Perde população, não há esforço para leituras, será causalidade, sempre que as histórias a visitam, a aldeia desmaia. O ânimo, as mulheres que aguardavam a carrinha da padeira, desapareceu para sempre. O largo perdeu alegria, as vozes (...)
20.09.24

Desapareceram nas páginas da ...


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O largo tem dois carros estacionados, são demais quando a biblioteca ambulante também faz parte do exíguo espaço da aldeia. É o sítio de encontros, de passagens, de comércio ambulante, o padeiro, o automóvel da farmácia, demoram-se, e transitam no largo para qualquer outro local da aldeia. As histórias permanecem no mesmo lugar desde sempre, nas viagens e andanças. Testemunharam desde a primeira vez que aqui chegaram, no largo, as mulheres sentadas no banco de alvenaria (...)