A chuva não abrandou, o rio de palavras continua enredado pelas aldeias da minha terra, afortunados são aqueles que a recebem. Aos poços que a recolhem, a água não lhes faltará, cheios, reflectirão as palavras que estão por ler, histórias mal contadas, vidas amarguradas pelo trabalho excessivo no campo. Rostos marcados pelo sol, mãos fendidas acostumadas à suavidade das páginas das histórias que os equilibram dos direitos que não lhes são atribuídos. Gente que não se (...)
Com o rio adormecido, a fauna que coabita nas suas margens preparando-se para um novo dia, e a Primavera a descansar, a biblioteca ambulante atravessa a ponte sobre o rio Tejo, no sentido norte/sul, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. O destino é a aldeia do Vale de Açor, localizada na freguesia da Bemposta, rodeada por charnecas lotadas de plantas silvestres, esteva, giesta e rosmaninho, colorindo planaltos e colinas. A pequena povoação tem (...)
Outro dia de levar e dar histórias nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, na aldeia do Vale de Açor a chuva vem e vai, tem sido assim a manhã toda. Os leitores vieram á biblioteca ambulante, restituiram histórias vistas e sentidas, no restringido espaço dão-se passos na direcção de um horizonte alargado. Oxalá outros continuem a vir, a retirar a levar a contar e divulgar a literatura e todos os suportes apoiados por ela.
Percorrendo os afastamentos da cidade nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, onde o sol tenta abrir à força, mas está difícil na aldeia de Vale de Açor, na freguesia de Bemposta. É mais fácil levar livros, romper as suas páginas, devorá-las com os olhos, ficar abastado de letras de formas diversas, palavras grandes e pequenas, frases com sentido e sem sentido!
A meio do meu destino, em direcção de Vale de Açor, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, encontro ladeando a estrada, plátanos dos quais os topos se unem formando um arco. Não é o arco do triunfo, o da cidade de Paris, é o anel que me transporta para a charneca, a união desta com as giestas, o rosmaninho, a carqueja, plantas medecinais outras não. Todas selvagens, brancas, amarelas, roxas, um ecossistema mediterrânico. Na aldeia os ramos e folhas do (...)