Talvez aqui os leitores...
O corpo protesta com a temperatura elevada, as histórias reclamam por leitores, o viajante das viagens e andanças revoltado pelo pólen que o incómoda a cada hora que passa. Um início de semana de contestação perante as realidades meteorológica, afastamento, e carácter incompatível de ser alérgico aos grãos microscópicos de cor amarela. Em Concavada, aldeia plantada à beira rio, só a esplanada do café atrai as pessoas. Situada no largo da aldeia, junto da estrada, locais e forasteiros que transitam em trabalho, acercam-se da mesma para repousar intervalando os quilómetros do asfalto abrasador a esta hora do dia. Refrescam-se e desandam, que o trabalho não pode esperar, as mulheres demoram-se um pouco mais, terminando e iniciando conversas umas com as outras. Só não há leitores para lerem as histórias da biblioteca ambulante, nas estantes desequilibradas umas sobre as outras, após a viagem, estão desiludidas por se manterem no mesmo sítio. Tal como os forasteiros o calor viaja para onde quer que vá o viajante das viagens e andanças com as histórias. No Pego, aldeia seguinte no itinerário da biblioteca ambulante, como uma sombra não largou o rasto das histórias, infelizmente para quem tem de se manter debaixo dos seus raios escaldantes. Talvez aqui os leitores tenham coragem de atacar de frente as descargas de energia, criando corredores neutros em direcção à biblioteca ambulante, depois será fácil de regressar, as histórias serão escudos que os protegerão dos traços de luz discordantes a quem os enfrenta.