Talvez o cheiro...
O que poderia ser um dia grandioso de primavera não o é, o causador é o vento desagradável que sopra na charneca. Não fosse o odor perfumado das flores das laranjeiras chegar à biblioteca ambulante, e sem permissão penetrar nas narinas do viajante das viagens e andanças, o resto do dia seria péssimo. Talvez o cheiro cative os leitores e não leitores, que os puxe às histórias, assim possuídos pelo perfume, possam mudar os comportamentos que têm para com a literatura, e a sua leitura e começam a devorar as letras e as palavras das histórias. Vou acolher a fragrância só para mim, na estrada, nas aldeias, nas ruas e largos, dispenso o cheiro da flor de laranjeira. Todos que o pressentirem virão certamente ao encontro das histórias, olharão para a biblioteca ambulante à sua passagem com a ambição de lerem as histórias que transporta. Nunca mais terei manhãs e tardes com ausências, todos andarão à roda das histórias, esclarecerão uns com os outros as histórias que lêem, incentivarão quem não tenha ainda desconfiado o quão de bom é ler.