Tantas são as vezes...
Após anos a viver outonos a mulher apoiada no pau, não é mais que um prologamento do seu corpo gasto, ainda mantém a vontade de deambular, aldeia acima, aldeia abaixo. Que história de vida terá, quantas histórias poderia relatar. Esta mulher é também a história da aldeia, aqui nasceu, aqui cresceu, aqui se demora, aqui morrerá certamente. Num tempo anterior, na aldeia outras mulheres velhas por aqui andaram, aldeia acima, aldeia abaixo. Parece que o tempo não passou por aqui, a biblioteca ambulante com as histórias percorre a aldeia, abaixo e acima, cada vez que chega, cada vez que parte, tantas são as vezes. Parece que o tempo não passou por aqui.