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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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A manhã está perfeita desde que o sol se levantou, nem a neblina lhe retirou o encanto, bom augúrio noutro dia de viagens e andanças pelos limites da minha casa. O sol do meio dia está forte, na viagem que efectuei ao quintal lá em baixo, não aguentei muito tempo, as árvores com as suas folhas ainda não conseguem cobrir de sombra o espaço que as envolve. Quando estiverem no auge da folhagem, então sim, a permanência será mais prolongada, as flores resistiram ao vento que ontem as açoitou, estão felizes dentro dos seus vasos e canteiros. Quando as rego, digo-lhes sempre algo, muitas delas segredam, desabafando o que lhes vai na alma, são muito vaidosas, por isso a franqueza é sempre acerca de umas e outras. - Aquela é horrível, cheia de espinhos! A outra advinhando as palavras que ouvi, quando me aproximei, exprimiu a sua indignação. - Tenho espinhos para me proteger, tirando isso as minhas flores são bonitas e perfumadas! Diz-me numa voz afogada. Continuando a deitar a água, mais azedumes me chegam aos ouvidos, desta vez o problema são os vasos. A sardinheira diz-me que o vaso que acolhe as frésias é mais bonito que o seu, respondo que as suas flores têm mais beleza e assim por diante continuo a regar e a ouvir. É sempre assim cada vez que viajo ao quintal paparicar as flores, têm sempre uma história para  cochichar, uma novidade para me dar.