Texto da treta 8
Saí apressado, preocupado a tentar não perder o que resta do texto memorizado, e que tinha escrito, mas estranhamente desapareceu quando o publicava. Por outras palavras e algumas que ainda por aqui ficaram, principiava ao deitar, aí o assunto é dormir, fantansiar, às vezes penar, render-me às ilusões. Últimamente antes de embalar, sou atropelado por letras, leio para mim o que escreverei, procuro palavras. São caminhos nos quais as frases se desenvolverão, nem todos serão percorridos, muitos não se completarão. Desperto, ideias diferentes surgem, ouço a chuva a cair de mansinho, bate devagarinho, invoca a minha presença para ajustar a história, uma narrativa com odores a terra molhada. O vento assobiando provoca a letargia, uma volta, duas voltas, lembro-me de uma anotação no bloco de bolso, está lá em cima, mas está demasiado frio para subir as escadas e ler um rabisco. Ao som de portões a bater, objectos a ser arrastados, pondero outras opiniões, termino tudo isto adormeçendo, embora haja noites em que o estado de adormecimento é sem interrupções. As sombras são histórias acabadas.