Tiveram destino na aldeia
Na cidade as pessoas caminham ao mesmo tempo que resmungam por causa do frio, de cachecóis abraçados ao pescoço, agasalhos compridos e luvas nas mãos, muito protegidas ainda querem mais. Na aldeia da Foz, a primeira dos anos vinte, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, a tarde não consegue travar a noite, no café as taças de vinho nunca estão vazias. As gargantas não estão saciadas das festas recentes, não há ressaca, os festejos continuam. A biblioteca ambulante esteve sempre rodeada por aldeões, a curiosidade aproximou-os, só na próxima semana iniciam novamente o trabalho. Entre cigarros lá foram dialogando com o viajante das viagens e andanças, que procurava palavras para iniciar o primeiro texto do ano, desabituou-se de redigir palavras, caracteres e sinais gráficos. As histórias entorpecidas tiveram destino na aldeia, também elas a necessitar de estímulo. Um homem, de grandes barbas na aldeia da Água Travessa, bate com a sua mão no vidro da biblioteca ambulante, sem o vidro da porta como obstáculo, questiona o viajante das viagens - Que carro é este? - Uma biblioteca ambulante! Diz o viajante das viagens e andanças! Admirado, agradeceu e lá foi segurando um grande pau, que o auxilia na caminhada.