Um bando de pombos ...
Um bando de pombos voa aos círculos, aumentando a área de voo, a cada passagem sob a biblioteca ambulante. São pombos correio, treinam, geralmente uma hora por dia, desenvolve o apetite, os músculos, os pulmões e outros órgãos. Adquirem métodos consensuais com o tratador, têm de se comportar como ele quer que se comportem. A presença de um leitor desviou a minha atenção para a maneira de voar dos pombos. Depois de muito escolher, o leitor saiu, voltei a olhar o céu azul, os pombos sumiram, voaram numa viagem para o desconhecido. Como faz sempre a biblioteca ambulante, cada viagem é uma história diferente, de ir, para estar num lugar determinado, de ausências, ou de assiduidades. São viagens com regresso ao cais onde aportar, será a primeira página, de outra história. Para seguir viagem, levar os relatos minuciosos da realidade, da experiência, da faculdade de inventar, daqueles que escrevem. O calor veio para ficar, o vento tem sido companheiro, atenuando a temperatura ardente, sublevando a variedade de pólen. Cavando ao mesmo tempo a revolta nas minhas narinas, criando lágrimas nos meus olhos. Abandonei a sombra da amoreira, atravessei a rua que separa a aldeia com o mesmo nome da árvore em duas, uma velha estava sentada nos degraus defronte da porta. O seu olhar desconfiado foi o primeiro a ler a história a decorrer na ponta do aparo da caneta. No pensamento levava a esperança de ter a outra sombra, na aldeia de Rio de Moinhos à minha espera. Encontrei a pimenteira, a silhueta de braços abertos convidava a biblioteca ambulante a permanecer no seu regaço. Foi na tranquilidade da sombra da pimenteira que a história chegou à última página.