Um rei pilhante
A tortuosidade da estrada que me trouxe nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra ao Crucifixo e Tramagal, discorda com os outros dois percursos paralelos localizados mais abaixo. A estrada férrea e a fluvial, esta última por acção do homem já não o é, no longínquo século XVI um rei pilhante da coroa portuguesa, ao mesmo tempo visionário, mandou edificar no seu leito uma obra de engenharia hidráulica, o canal de Alfanzira. Situado no território (Mouriscas) abrangido pelo itinerário da biblioteca ambulante, permitiu na época que as embarcações alterassem as suas rotas na direcção do canal, a fim de evitar as águas mais buliçosas e perigosas, após o desvio tornavam o seu rumo normal dos seus destinos, sendo o principal Lisboa. Também o meu rumo estacionou, nesta tarde primaveril, onde o sol joga às escondidas.