Uns dão, outros trazem...
Em Alferrarede Velha, povoação entrincheirada no limite urbano a manhã corre apressada. São os automóveis na estrada que a atravessa, as carrinhas que estacionam onde bem calha. Quem conduz, abre as portas retira-lhes os recheios, abraçados, nas costas, levam-nos para as casas de comércio. Um quotidiano demasiado apressado para o viajante das viagens e andanças, habituado ao vagar com que as histórias saem da biblioteca ambulante. Cada vez mais um observador nato das ocorrências nas aldeias, umas ainda com quase tudo outras piores no relacionamento com o passado. Muitos contam os dias para a chegada dos filhos e dos netos, as couves, as batatas, o bacalhau e o vinho, já estão na linha de partida para a consoada. Uns dão, outros trazem e num refúgio aconchegado deixam a noite avançar, matando saudades, trazendo memórias à mesa, com histórias a acontecer.