Vingam-se deste estado do tempo ...
A chuva premeia a ousadia dos automobilistas, fraccionando a intensidade da queda na estrada, nas viagens e andanças. Há momentos em que a quantidade da pluviosidade impõe um comportamento mais atento em determinados caminhos, ao encontro dos leitores. O mesmo cuidado têm alguns deles, ficam em casa, não se querem molhar, a leitura pode esperar para a próxima visita da biblioteca ambulante. Também os há audazes, sem medo da bátega, impossibilitando-lhes a manutenção das hortas, enfrentam-na indo ao encontro das histórias. Vingam-se deste estado do tempo, ocupando o excesso de lazer a lerem, conservando e adquirindo conhecimento. O espaço, ou o que resta da sala de aula de uma escola estava a abarrotar de gente cheia de sabedoria popular. Leu-se Gosto de gostar, de Helena Sacadura Cabral, pequenas histórias, propriedades de todos, pela vivência e pela leitura partilhada. No ar pairaram emoções, o mais importante foi a leitura, as palavras lidas em voz alta, aplicadas a ouvirem. Um corredor cheio de luz surgiu, abriram-se as portas para as cordas vocais se soltarem. Palavra puxa palavra, deixei-as, o último capítulo do dia esperava pelo final da história noutra aldeia.